Lugar de mulher é na cozinha

Até mesmo filósofos eruditos como Platão e Aristóteles acreditavam na inferioridade física e espiritual da mulher em relação ao homem. O segundo, inclusive, afirmava que a fêmea é fêmea em virtude de certas faltas de qualidade. Um dos homens de espírito mais elevado da história, como foi Rosseau, imaginou a mulher como um ser destinado ao matrimônio.

Rivadavel Fontes sempre desconfiou da evolução do sexo frágil no seio da sociedade. Para ele a mulher tinha papel primordial no lar, nos cuidados da casa e da família. Esses princípios machistas foram cultivados durante a sua vida em uma sociedade quase medieval que habitava os sertões potiguares, era um conceito imutável em sua concepção.

Certa vez, sem consultar ninguém da família resolveu vender um cavalo pelo qual todos tinham grande apreço devido a sua mansidão e disposição nas pelejas da roça.

O comprador, chegou logo cedo procurando pelo o dono da casa. Raimunda, mulher de davel (como era conhecido), ouvia da cozinha muito entristecida a negociação. Davel entusiasmado contava sobre as qualidades do animal e quando o comprador perguntara o preço…

-Davel, homem, num venda esse cavalo não!

Era Raimunda, se entrometendo num negócio do marido.

Aquilo foi uma afronta, o sangue subiu à cabeça, Davel ficou vermelho, olhou pro comprador e disse:

-Homem, sabe duma coisa, leve esse cavalo daqui, num custa nada, leve, leve logo, suma daqui com ele.

E nessa toada é fácil compreender que mesmo diante dos grandes avanços pelos quais a nossa sociedade passou nos últimos tempos em relação a inclusão da mulher no mercado de trabalho, na política nas artes e em outros meios, muito caminho ainda há para ser percorrido.

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