UÉ? cadê os princípios de minha infância?

A sociologia explica que, geralmente, nos grandes centros urbanos não há uma maior vigilância moral por parte da sociedade e, neste caso, os princípios passam a ser mais flexíveis, enquanto nas cidades provincianas há um zelo mais apurado na conservação do próprio nome e do nome da família. Havendo sempre uma maior repreensão social para os que se desviam das condutas secularmente preestabelecidas.

Todavia, me arrisco a afirmar que tal explicação já pode ser contestada, haja vista que a globalização não tem interferido somente nas relações comerciais, mas também nas relações culturais. Influenciando fortemente o que toca à moral e os costumes éticos cultivados a duras penas pelos primordianos homens sociais.

Rapidamente posso trazer a baila algumas questões pertinentes a minha remota infância em distantes glebas do sertanejo interior potiguar, onde aprendi com disciplina oriental a observar a minha conduta moral dentro dos padrões que a minha família entendia ser ético e reto.

Descumprir obrigação assumida naqueles tempos era desonroso e vergonhoso, fazer escândalos e semear boatos era indigno de uma pessoa de bem, desrespeitar os mais velhos era simplesmente ultrajante. Não merecia apreço aqueles que se dedicavam a vadiagem e a vagabundagem volitiva.

Nos tempos de minha infância as famílias cultivavam os valores cristãos e os filhos pediam a benção aos pais várias vezes por dia e lhes rendiam respeito e obdiência, rezavam antes de dormir e antes do almoço.

Naqueles bons tempos brincos eram adornos femininos e tatuagens eram marcas apocalípticas, tudo isso soava-nos doce e inocente tal qual uma poesia bucólica e neste diapasão não se ouvia como regra sobre guangue, assalto, estupro, calote, trombadinha, traficante, estelionato, quadrilha, meliante, receptação, pedofilia, queima de arquivo, corrupção de menores, tráfico de pessoas, latrocínio...

Portanto, antes que alguém ouse a chamar esta filosofia que norteava minha tenra infância de ditadura da moral que serve às classes burguesas me defendo interrogando.

É preferível uma sociedade cercada de códigos de conduta que se sustente ou uma sociedade que de tão livre se sucumba?

Deveras é clarividente que a raça humana ainda não está preparada para uma filosofia Rosseauniana e se não houver um certo endurecimento no que concerne às normas morais pode haver uma corrida no sentido contrário da história, ou seja, o caos, a inevitável dessocialização,

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