Pão fresco

Todos em José da penha conheciam Manoel Rosendo, foi um comerciante bem sucedido, várias vezes exerceu o papel de vereador, foi político influente.

Desde cedo mostrava dedicação pelo comércio, ainda criança vendia pão de porta em porta em um balaio de palha. E como toda criança adorava jogar futebol.

Os pães ficavam prontos por volta de 3 da tarde, e saía ele debaixo daquele sol insuportável oferecendo o delicioso pão doce, feito com uma massa fina e pincelado com uma garapa de açucar.

Passando por um campinho de terra batida percebeu que se tratava da estréia de uma bola de couro. Não resistiu à tentação, deixou o balaio escondido sob uma moita de pau-mocó e foi jogar futebol.

Não contava ele com um infortúnio dessa natureza naquela triste e quente tarde de um mês de outubro.

O calor estava tão forte que acabou secando o mel que cobria o pão. A massa estava desidratada, impossível vender com aquela aparência de pão adormecido.

Imaginando o tamanho do prejuízo, Manoel ficou impaciente, quase chorando, quando um ímpeto imaginário invadiu-lhe a mente. Sem outra alternativa começou a lamber os pães devolvendo-lhes a cor e a aparência original.

Destarte, a língua de Manoel Rosendo ardeu por mais uma semana, mas nunca se elogiou tanto o sabor da massa da padaria São Francisco como naquele dia.

3 comentários:

Gláuber disse...

Vc tem cada final de história adriano!
um mais estranho que o outro!
ótima história.

Iran Almeida disse...

Estou ancioso pela publicação do seu livro, com certeza será um compêndio de "causos", principalmente com um humor diferente, onde a perfeição da narrativa nos instiga à curiosidade do desfecho de cada história/estória.

Anônimo disse...

Cada uma que nos aparece!