Palacinho

Ele foi um grande poeta, sempre elegante, geralmente vestido de branco, chapéu um pouco pendido, lembrando até o bom malandro carioca.

Não dispensava convinte para uma bicada, amante da cachaça, não raro encontrá-lo sob o efeito etílico.

Seus versos eram cômicos, sua poesia era carregada de inspiração, sua imaginação era um estro.

Certa vez, dominado pelo ânimo de beber, subjugado pelo vício, encontrou na sua criatividade a saída para tanto desalento, haja vista estar sem recursos financeiros suficientes para saciar sua gana.

De longe, avistou Lupicínio Fontes adentrando no bar dos amigos, em passos ligeiros chegou à porta quando o fazendeiro reclinava-se sobre o balcão. Antes de um bom dia, lançou ao ar sua voz rouca em um verso repentino:

Lupicino é fazendeiro
abaixo do céu azul
seu terreno faz extrema
com Angico e com Paul
tanto dinheiro na caixa
e muito mais tem no baú

-Antonho, bote uma cachaça pro nêgo véio aqui. Assim agradeceu Lupicínio.

O poeta não se deu por satisfeito e encetou novamente

Eu não sou Garrastazu
nem Jânio nem Juscelino
não quero ser Zé Sarney
nem também Zé Agripino
eu queria ser a chave
do Baú de Lupicino

-Ô Antonho Pedro, traga logo uma garrafa pra Palacim.

0 comentários: