O barbeiro e o malandro

Naquele remoto lugar havia somente um barbeiro que atendia pelo nome de Otílio que também se dedicava ao ofício de motorista. Otílio era famoso por tratar-se de um sujeito esperto, contador de história e conhecedor de várias regiões do país. Contava que, certa vez, em uma cidade da Bahia não conseguira dormir com o barulho de uma cobra batendo os olhos.

Certa feita, chegara no seu estabelecimento um rapaz conhecido como Pedro de Januário Moisés, que não carregava bom nome na praça, tinha fama de malandro, daqueles que não costumava pagar as contas em dia, que levava as pessoas no papo. Pretendia cortar o cabelo com Otílio.

Mansamente cumprimentou a todos, entrou na conversa, esperou sua vez, sentou-se na cadeira. O barbeiro encetou o trabalho como se não conhecesse da sagacidade de Pedro. Do meio por fim, Otílio sentou-se em um tamborete de couro cru e começou a fazer um cigarro de palha enquanto Pedro esperava-o para concluir seu labor, mas Otílio demorava, acendeu o boró despreocupado, conversava com um e com outro tranquilamente enquanto Pedro se impacientava:

- Bora otílio, vamo ver, termine logo isso!

- Faça o seguinte, me pague logo que eu termino o corte.

Como Pedro não tinha mesmo dinheiro, queria, na verdade, era dar um golpe em Otílio, insistiu mais um pouco e quando viu que não tinha jeito foi-se embora com metade do cabelo cortado e outra não.

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