A máquina que engole gente

Havia no sítio cuandus um homem curado de cobra,chamava-se Zé Bagaço, trabalhava nas terras de Pedro Santos e rezava na propriedade de quem o procurasse para espantar as serpentes ou então para cuspir na boca do gado e salvar o bicho moribundo do veneno da peçonhenta.

A mulher de Zé Bagaço chamava-se cumadre Luzia, uma pobre de Cristo, sofredora que nunca soubera o que é desfrutar a vida, não tivera infância e dava dó só em olhar aquela cara de amargura. Mulher de meia idade, aparentava muito mais do que tinha, haja vista o tormentoso trabalho de sol a sol, desfigurada de tanta labuta que nunca lhe abandonara desde que se deu por gente.

Zé Bagaço, influenciado por um primo, chamado Valdir, que vivia em São Paulo, resolvera se aventurar pela capital Bandeirante. Zé que nunca antes houvera traspassado as divisas do Rio Grande se debandava nessa quimera com o objetivo de mudar de vida ou então pelo menos juntar um dinheiro pra comprar uma motinha.

Levara consigo seu filho conhecido sob a alcunha de Farinha, na época com aproximadamente 13 anos.

Encantado com a metrópole vez por outra dizia a farinha:

-quê que é a ciência, hein meu fi?

Tudo lhe era novo, tudo lhe impressionava, porém uma coisa fez ele desanuviar-se de sua fé cristã e duvidar que Deus existe. Ora! esperava paciente por Valdir no edifício que este trabalhara como zelador, quando derepente uma senhora aproximou-se de uma porta de metal, era simplesmente o elevador, mas o fato é que Zé nunca ouvira falar em um elevador.

A velhinha, que a dupla observava com cuidadosa aplicação, apertara em um botão e pouco tempo depois a porta se abrira sem necessidade de lhe puxar a maçaneta. Acima daquela caixa uma luz se acendera piscou um pouco, foi pra um lado, depois começou a retornar pro seu ponto inicial.

Quando a luzinha voltou pra primeira letrinha a caixa se abriu e de dentro dela surgiu uma mulher jovem e muito bonita.

Imagine a cara de espanto de Zé e de Farinha. O pai olhou pro filho depois que conseguiu respirar e disse:

- Meu fi, o que é que falta o home inventá? Vixe meu fi! A se tua mãe tivesse aqui...

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