Debate sobre a guerra

A grande vantagem de debater com pessoas gabaritadas é ter a certeza de um bom combate ideológico mesmo com a consciência de que o adversário é infinitamente superior no campo das idéias.

Todavia na minha infinita ignorância, meu espírito não concebe que um ser humano possa agredir, humilhar atirar contra crianças, explodir hospitais e bairros residênciais e ainda encontrar uma justificativa para isso.

Madeleine Albright, quando secretária de Estado Americano disse que a morte de crianças durante a guerra era um mal necessário. Minha pobre filosofia não compreende a violência, principalmente com a latente desproporção que vem acontecendo.

A própria ONU já aceita a possibilidade de ter havido crime de guerra na Faixa de Gaza, A UNICEF Afirmou que quase trezentas mortes foram de crianças e oitenta e cinco foram mulheres quase sempre em hospitais, abrigos ou mesmo em casa.

Dois médicos Noruegueses que estavam trabalhando na Faixa de Gaza denunciaram o uso de um explosivo com um componente químico conhecido como DIME (Dense inert metal explosive) composto de tungstênio. divulgou hoje um jornal daquele país.

A advogada Ana Echenvenguá escreveu artigo no site da agência Carta Maior em que dizia:

"A estratégia de Israel é outra. Em 1990, o jornal Jerusalém Post publicou que "é difícil conceber qualquer solução política consistente com a sobrevivência de Israel que não envolva o completo e contínuo controle israelense da água e do sistema de esgotos, e da infra-estrutura associada, incluindo a distribuição, a rede de estradas, essencial para sua operação, manutenção e acessibilidade". Palavras do ministro da agricultura israelense sobre a necessidade de Israel controlar o uso dos recursos hídricos da Cisjordânia através da ocupação daquele território". Disse ainda, "antes de devolver (simbolicamente) a Faixa de Gaza, Israel destruiu os recursos hídricos da região. E, até hoje, não há infra-estrutura hídrica nas regiões palestinas".

Quando se enxerga o cerne do problema se percebe que não são aqueles mísseis que mais parecem traques de São João, os responsáveis pelo desproporcional agravo. Notemos que enquanto morreram dez Israelenses, já chegam a novecentos os palestinos ceifados. É uma guerra injusta, uma covardia, uma afronta contra a humanidade. Os palestinos atiram com fundas contra os tanques de Israel, assim como fez Davi contra Golias, enquanto os israelenses contra-atacam com pesada artilharia de última geração.

Pode-se dizer também que a proximidade das eleições no Estado Judeu pode estar incentivando os ataques.

Em relação aos extremistas é evidente que não se pode coadunar com tal sortilégio, todavia eles existem em qualquer filosofia, não são exclusividade dos mulçumanos. Encontramos Hebreus, cristãos e até torcedores de futebol fanáticos que são capazes de matar ou morrer por um ideal ou uma paixão. Lançar sobre toda a nação islamica a fama dos tentáculos do terrorismo é preconceito e racismo.

Minhas excusas aos leitores desse blog e principalmente ao altivo debatedor que comigo perde seu precioso tempo pelas minhas mal traçadas linhas, haja vista não dispor de suficiente período para organizar um texto assim como faz com presteza o meu altivo opositor nesta emblemática contenda.

3 comentários:

Anchieta Campos disse...

Meu caro amigo Adriano, saudações.

Poderia aqui escrever um comentário extenso, pois argumentos não faltam, bem como não o faltam para a sua ilustre pessoa.

Gostaria apenas de destacar que para se realizar um senso crítico de qualquer campo ideológico que seja, é necessário se despir de vestimentas como o emocionalismo, idéias pré-estabelecidas, bem como se vestir da capacidade de inquirir de um modo imparcial e sem paixões, tomando sempre o cuidado de analisar qual a fonte do que se lê, bem como procurar sempre pensadores de ambos os lados, pois na verdade o que estabele algo como correto é justamente a coerência de pensamento A somada com a incoerência de B. Se ambos são incoerentes, logo não há correto. Se ambos são coerentes, então deve-se pesquisar mais.

Nem tudo o que a ONU forçosamente é a manifestação da verdade. Nem tudo o que uma pessoa diz, por mais reconhecida que seja no meio internacional, é forçosamente a expressão da verdade e do correto.

Todo homem é passível de falha, e com certeza falhará, e não pouco, em sua trajetória nesta vida. Agora esta característica humana não anula a sua capacidade de analisar uma conjuntura de fatos que lhe é apresentado. O fator objetivo sempre está presente em toda e qualquer situação, e ele é que deve ser o norte/limitador de nossos fatores subjetivos; quando ocorre uma inversão nesta ordem instala-se o cenário que consuma a crítica e análise tendenciosa, que fatalmente resultará em deturpação da verdade.

A morte de crianças palestinas é realmente algo lamentável, e não somente das crianças, mas de todo e qualquer civil inocente. Agora qual o motivo da desproporção de mortes de ambos os lados? Com certeza não é porque o Hamas lança "traques de são João" contra Israel. São mísseis. Você sabia que um foguete (ou míssel) Kassam (usado pelo Hamas) tem uma velocidade média de 2400km/h? Se, por exemplo, uma pessoa que mora na cidade de Beer Sheva, que fica a 40km de Gaza, ela terá apenas 60 segundos que a separam do encontro do mortal míssel. Um Kassam de 90kg que viaja a essa velocidade, tem a mesma energia cinética que um carro Gol viajando a 720km/h. Dá para se ter uma noção do estrago hein!?

Você sabia, meu caro amigo, que desde 2001, quando os foguetes começaram a ser lançados contra Israel, mais de 8.600 atingiram o sul de Israel, sendo que cerca de 6 mil deles disparados a partir da retirada de Israel de Gaza, em agosto de 2005? É isso mesmo! Oito anos recebendo foguetes em cima de suas cidades da região sul!

E qual a razão dos mesmos vitimarem poucos judeus? Israel tem um sofisticado sistema para identificar quando um míssel é lançado e onde ele vai cair. Se ele está dirigido a alguma cidade ou povoamento, uma sirene toca para alertar os moradores. Nas cidade e povoamentos mais perto de Gaza o alarme se chama "tzeva adom" (cor vermelha), e normalmente as pessoas tem uns 15 segundos para se esconder em um bunker ou quarto revestido de concreto. Uma voz fala pelos alto-falantes espalhados pela cidade: "cor vermelha, cor vermelha...".

Na prática, meu caro amigo, os judeus do sul de Israel vivem há anos sobre um clima de insegurança constante, sempre com as visitas nada agradáveis dos foguetes do Hamas lançados de Gaza. Toda residência desta região é equipada com sistemas de alarmes e bunkers de segurança, sendo todos treinados para em segundos se refugiarem. Israel cuida e protege os seus civis e crianças. Israel não instala bases militares ao meio de civis, de colégios e hospitais.

Morrem muitos palestinos civis? Sim. Mas você sabe verdadeiramente o motivo deste fato? Israel ataca a alvos civis? É notório que não! Israel ataca o Hamas. E sabe onde o Hamas instala suas bases em Gaza? Sabe quais são as proteções que eles usam para firmar suas bases? Sabe mesmo?

Ao contrário do Hamas, que ataca o sul de Israel sem avisos, e mira, intencionalmente, sobre cidades e civis, Israel realiza milhares de ligações, manda avisos das mais variadas formas, pedindo para que os civis deixem tal mesquita, colégio, hospital, seja lá o que for, avisando data e hora do ataque às bases do Hamas que lá se encontram.

Você sabia que há uma semana há uma pausa diária de 3 horas dos combates para assistência humanitária. Ambos os lados - exército de Israel e terroristas do Hamas - devem cessar toda atividade enquanto mantimentos, comida e demais chegam a Gaza e são destribuidos. Veja o que ocorreu nos últimos dias:

Dia 13/01/2009 - Terça-Feira
Pausa entre 09:00 e 12:00:
09:33 - Um foguete Kassam cai em um campo aberto no conselho regional Eshkol. Não há feridos.
10:07 - Outro foguete Kassam cai em um campo aberto no conselho regional Eshkol.
11:25 - Foguete Kassam cai na região de Eshkol. Não há feridos.

Dia 12/01/2009 - Segunda-Feira
Pausa entre 10:00 e 13:00:
11:47 - Um foguete atinge diretamente uma casa em Ashkelon. Algumas pessoas ficam em estado de choque.
11:49 - Um foguete cai em um campo aberto na região de Ofakim. Não há feridos.
12:48 - Alguns mísseis caem em campos abertos em volta de Beer Sheva.
13:00 - Quatro mísseis caem na região de Sderot. Um deles atinge em cheio uma casa. No local 6 pessoas ficam em estado de choque.

Dia 11/01/2009 - Domingo
Pausa entre 11:00 e 14:00:
11:12 - Um foguete cai na região de Netivot. Não há feridos.
11:31 - Um foguete lançado de Gaza cai em território palestino.
12:04 - Um foguete cai em um campo aberto na região de Ashkelon. Não há feridos.
12:26 - Um foguete cai em um campo aberto no conselho regional Eshkol. Não há feridos.
12:53 - Três foguetes caem na região do conselho regional Eshkol e um na região de Kiriat Malachi.
13:12 - Um foguete cai no quintal de uma casa em Sderot. No local algumas pessoas ficam em estado de choque.

Dia 10/01/2009 - Sábado
Pausa entre 13:00 e 16:00:
13:05 - Um foguete cai no conselho regional Eshkol. Não há feridos.
14:23 - Um foguete cai na região do conselho regional Chof Ashkelon. Não há feridos.
15:09 - Um foguete cai no conselho regional Eshkol. Não há feridos.

Dia 09/01/2009 - Sexta-Feira
Pausa entre 12:00 e 15:00:
12:10 - Um foguete cai em um campo aberto em Ashdod. No local algumas pessoas ficam em estado de choque. Um outro foguete cai em Ashkelon.
13:02 - Um outro foguete cai na região de Ashdod. Não há feridos.

Dia 08/01/2009 - Quinta-Feira
Pausa entre 13:00 e 16:00:
13:06 - Dois feridos em estado médio e dois em estado leve em consequência da queda de um foguete em um edifício em um Kibutz no conselho regional Eshkol. Ao mesmo tempo, cai um foguete no conselho regional Shaar Hanegev, não há feridos.
14:10 - Alarme em Ofakim, cai um foguete em um campo aberto na região de Ashkelon.
14:50 - Dois foguetes cairam em campos abertos no conselho regional Eshkol.

E olha que só fora listado o que aconteceu durante a "pausa" humanitária, antes e depois tem muito mais coisa.

Por fim, meu caro amigo, peço que não me vejas como um combatente seu, bem como que saibas que não quero criar um debate sem fim entre nós para ver quem argumenta melhor em prol de sua bandeira neste conflito lamentável, pois isto seria um objetivo pobre por demais para nós dois. Quero apenas tentar trazer ao público uma visão mais crítica e imparcial sobre esta triste guerra, e com certeza seu blog, o qual se propôs a falar do assunto, é um veículo mui excelso para que eu possa expor as razões que não são minhas, mas da realidade pura dos fatos.

Israel poderia estar agindo de um modo mais brando? Creio que sim. Mas para mim (como brasileiro) é fácil chegar a esta resposta, pois não temos foguetes passando por cima de nossas cabeças e caindo em nossas casas nos últimos 8 anos, bem como temos a graça de não sermos importunados com o fantasma constante de ataques terroristas em nosso território.

Israel poderia estar agindo de um modo mais brando? Para podermos responder esta pergunta, temos primeiro que responder a esta outra: O Hamas tem agido de um modo brando com Israel nos últimos oito anos?

Encerro por aqui, antes que a vontade de escrever volte novamente.

Forte abraço, meu caro amigo e companheiro!

Anchieta Campos

Anchieta Campos disse...

Transcrevo aqui um artigo brilhante do Reinaldo Azevedo (uma exceção no jornalismo medíocre da abril), cujo título é "a carne barata das crianças palestinas", o qual pode ser lido em http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2009/01/carne-barata-das-crianas-palestinas.html

"Certo! Pode-se afirmar que os militantes do Hamas só usam cadáveres de crianças como bandeiras porque, afinal, há cadáveres de crianças. Sem dúvida, em qualquer guerra, elas são as vítimas que mais chocam e constrangem. Mas o que os terroristas fizeram para poupá-las? Nada! Ao contrário! A carne das crianças palestinas ou das crianças libanesas do Sul do Líbano são as mais baratas do Oriente Médio. Os militantes do Hamas e do Hezbolhah, respectivamente, escondem-se em meio à população civil. A cada criança morta, um triunfo. A imprensa dos países islâmicos faz o uso esperado dos cadáveres. E a dos países ocidentais não fica atrás. A primeira investe no vitimismo; a segunda, na perversão humanista.

A foto de uma criança palestina com lágrimas nos olhos vale por milhares de editoriais censurando Israel. O que sai do olhar treinado e estudado do fotógrafo assume as características de um flagrante. O que é uma escolha confunde-se com um registro objetivo da guerra. Imagens com essas características valem por perguntas: “Mas onde estão as criancinhas israelenses? Cadê os cadáveres dos infantes judeus?”. Também induzem algumas respostas: “Sem elas, só se pode concluir uma coisa: trata-se de uma luta desigual! De uma reação desproporcional! Precisamos de mais cadáveres de judeus para que possamos, então, ser compreensivos com Israel”.

E o ato essencialmente imoral do terrorismo islâmico — mais um — perde relevo para a comoção. Mais eficientes do que os foguetes do Hamas, são os cadáveres das crianças palestinas. São bombas de efeito moral que explodem no território israelense e demonizam um país que só não foi extinto em razão da sua tenacidade — também a militar. “Ora, então Israel que evite a reação”. É? E como agir, então, para conter o agressor? Reação proporcional?

Reação proporcional? Deve-se levar isso a sério? Terão os israelenses de fabricar seus foguetes quase domésticos par jogar em Gaza ou no Sul do Líbano? Seria legítimo treinar homens-bomba, que morreriam, então, em nome de Iahweh? Devem os israelenses ser “proporcionais” também no nível de exposição de seu próprio povo à fúria do inimigo, de sorte que também possam exibir, com vitimismo triunfante, seus cadáveres pelas ruas, passando-os de mão em mão, numa espécie de catarse da morte?

De fato, Israel não tem saída. A não ser lutar. A guerra de propaganda contra os adoradores de cadáveres, o país já perdeu. Resta-lhe fazer todos os esforços para não ser derrotado no terreno propriamente militar. É a sua contribuição do momento ao triunfo da civilização".

Anchieta Campos disse...

Sim, já ia esquecendo:

Os elogios que vossa ilustre pessoa (in)diretamente concedeu para mim, os remeto, com todo prazer e justiça, para vossa mercê, haja vista ser sua pessoa de um excelente nível cultural/educacional (digo sem hipocrisia).

Com certeza não é para mim uma perda de tempo estar a trocar idéias com vossa mui fidedigna persona, mas sim é motivo de imensurável honra poder ser alvo de sua atenção e comentários em seu prestoso blog.

Com certeza as nossas intenções são as melhores possíveis, e os nossos objetivos maiores são os mesmos, quais sejam: paz no Oriente Médio e o fim das hostilidades promovidas pelo terrorismo. Guerra nunca é algo benéfico, para ninguém.

Abraços, meu amigo.

Anchieta Campos