Coisas que só acontecem em José da Penha

As histórias a seguir fazem parte do acervo compilado por mim para a produção de um livro sobre o município de José da Penha:

Entre as coisas que não podem faltar nas cidades provincianas estão os fenômenos de natureza sobre-humana, devido à fertilidade da imaginação do povo tabaréu com suas lendas misteriosas que amedrontam as crianças e os andarilhos das belas noites de lua do sertão.
Várias são as lendas acerca de almas penadas, visagens do além, casas e caminhos mal-assombrados. No entanto separamos apenas alguns para dar idéia ao leitor de como o misticismo está impregnado na cultura do caboclo.
Em um lugar na subida da serra do camelo existe uma porteira de varas conhecido como apertada hora, segundo consta no imaginário popular, este ponto da estrada guarda um mistério assustador. Antigamente este era caminho obrigatório para comboieiros e viajantes que dirigiam-se a Luís Gomes. Por diversas vezes, em noites tristes uma mulher encantada se apresentava aos caminhantes em trajes brancos e luminosos. Neste mesmo lugar, o senhor José Simplício e seu irmão Chico, foram agredidos na escuridão de uma noite bucólica. Em nenhum momento perceberam a presença do algoz, mas não deixaram de sofrer tapas e pontapés enquanto não abandonaram o local. A principal acusada foi a maldita Caipora.

Coisas que só acontecem em José da penha II

André Leite, sujeito sério, trabalhador em demasia, homem benquisto em José da Penha, não perdia uma piada, tinha um genro popularmente chamado de João da Velha, homem simples, sempre entusiasmado com o progresso que se avizinhava. Certo dia João chegou da feira de Marcelino Vieira com uma grande novidade para o senhor André Leite, ouvira comentários no mercado daquela cidade de que logo chegaria energia elétrica gerada na usina de Paulo Afonso, sequer cumprimentou aos outros, correu direto em direção ao sogro e antes de um bom dia saiu-se com essa:
- Seu André já ouviu falar em Paulo Afonso?
- Ouvi sim João! Respondeu calmamente André Leite.
- Que coisa medonha seu André! O senhor acredita que tem uns postes que carece um caminhão pra transportar cada um parafuso?
O silêncio foi total, seu André baixou a cabeça e não disse mais nada. João da Velha ficou incomodado com a falta de resposta e se apressou.
- Heim, heim?
- Né nada não seu João. É que eu estou aqui a imaginar o tamanho da chave para apertar esse parafuso. Respondeu André sem pestanejar.

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